2014 -LV 1

PORTUGAIS

O POVO MAS RUAS

O mês de junho de 2013 já entróu para a História do Brasil. A partir do dia ó, depois de era Sao Paulo uma manifestação pacífica pela diminução do preço da tarifa dos transportes públicos ter sido duramente reprimida pela polícia militar, milhões de pessoas foram para as ruas, nas diferentes regiões do país, canalizando os mais diversos descontentamentos e deixando um rastro de perplexidade e incompreenção. Afinal, perguntavam todos, o que quer essa gente ? O país vem crescendo e já se. coloca como a sexta maior economia do mundo – portanto, do que reclamamos, nós, os brasileiros ?

Com esse artigo, iniciamos tima refiexão que busca, ao fim e ao cabo, não dar respostas a essa pergunta, já que se trata de um fenómeno novo, espontâneo e de caráter difuso, de difícil apreensão, mas lançar luzes sobre alguns aspectos da complexidade da sociedade brasileira, que, analisados retrospectivamente, mostram a enorme dívida social que, acumulando com o tempo, transformou-se no capital que o povo nas ruas busca resgatar, com juros e correção monetária.

Evidentemente, estou me referindo à grande maioria das pessoas que, de forma pacífica, participa dos protestos. Porque, sem dúvida alguma, ao lado de grupos que fazem reivindicações legítimas e levantam bandeiras de participação ativa dentro das regras da democracia, há, na multidão, um pouco de tudo. Há sectários, sejam de extrema-direita ou de extrema esquerda, de caráter autoritàrio e fascista. Há jovens inconsequentes que, para dar vazão à adrenalina, agem como vândalos, e que poderiam estar tanto no meio de uma manifestação política quanto formando fíleiras entre hooligans. E há os bandidos, que aproveítam-se da confusão para roubar e saquear.

A constatação inicial é que possuímos instituições frágeis e uma população pouco habituada a fazer valer sua voz. Só para lembrar, temos apenas 28 anos de estado de direito – e, no entanto, para nossa vergonha, esse é o período mais extenso de vigência da democracia em toda a história do Brasil. São, de fato, inegáveis os avanços sociais e económicos ocorrídos desde o fim da ditadura militar – que começaram, efetivamente, ainda durante o governo de Itamar Franco (1992-1995), que tinha como ministro da Fazenda Fernando Henrique Cardoso, que o sucederia por dois períodos de governo (1995-2002), e que continuaram e se aprofundaram nos dois mandatos de Luíz Ignácio Lula da Silva (2003-2011) e agora no de Dilma Roussef (a partir de 2012).

No entanto, são inegáveis, também, infelizmente, que questões cruciais, de fundo estrutural, não foram sequer tocadas ao logo destes 28 anos. A indiscutível importância , por exemplo, das bolsas-familia, que concedem 70 reais mensais, (31 USD) para cerca de 13 milhões de famílias, ou dos sistemas de cotas raciais e sociais para ingresso nas universidades públicas, apenas maquiam o imenso abismo que ainda separa ricos e pobres no Brasil. Todo o esforço tem sido no sentido de criar um sistema de transferência de renda, fundamental, mas tímido, e não um sistema de distribuição equitativa da renda, necessário e urgente.

Assim continuamos a ser um país onde educação, saúde e lazer são privilégios dos ricos, e não direito de todos. Em que a faculdade de ir e vir. a qualquer tempo e a qualquer hora, não pode ser exercida, porque faltam condíções básicas de segurança pública. Em que a corrupção grassa em todos os níveis (federal, estadual e municipal) e em todos os poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário). Em que o respeito ao meio ambiente inexiste. Em que mesmo a necessidade de trabalhar, em troca de uma salário médio equivalente a 900 dólares, esbarra em dificuldades básicas como a falta de transporte adequado.

Talvez a melhor metáfora do Brasil seja a observação feita pela escritora Helena Terra em seu Facebook. Assistindo à final da Copa das Confederações, , ela percebeu que os brasileiros que seguiam o jogo Brasil-Espanha nas arquibancadas do Maracanã eram: em sua totalidade, brancos e ricos – ou seja, só a casa-grande estava presente. Os negros e os mestiços estavam em campo, suando a camisa, fazendo o espetáculo, acompanhado no mundo inteiro. Tem sido assim o Brasil : negros, mestiços e brancos pobres suam a camisa para o desfrute de uma minoria, branca e rica.

Luiz Ruffato. in Africa 21, agosto de 2013

I – VERSION (sur 20 points)

Traduire depuis «Evidentemente, estou me referindo … » jusqu’à « …em toda a historia do
Brasil. ».

(de la ligne 17 à la ligue 31 )

II – QUESTIONS (sur 40 points)

1 – Question de compréhension de texte :
Porque é que o sistema « das bolsas-família » e o de « cotas raciais e sociais para ingresso nas universidades públicas » « apenas maquíam o imenso abismo que ainda separa ricos e pobres
no Brasil » ?

(100 mots + ou – 10%[[Le non respect de ces normes sera sanctionné
(Indiquer le nombre de mots sur la copie après chaque question)]] ; sur 10 points)

2 – Question de compréhension de texte :

Quais são « as questões cruciais, de fundo estrutural que não foram tocadas ».. « ao longo dos 28 anos de estado de direito » no Brasil e pelas quais o povo quer uma solução ?

(100 mots + ou – 10%* ; sur 10 points)

3 – Question d’expression personnelle :

Comente, dando exemplos concretos, esta afirmaçâo: « Tem sido assim o Brasil : negros, mestiços e brancos pobres suam a camisa para o desfrute de uma minoria, branca e rica. »

(300 mots + ou – 10%* ; sur 20 points)

III -THEME ( sur 20 points)

Le gros œuvre est à présent terminé. Le Brésil a réussi à s’insérer dans l’économie mondiale et à améliorer en permanence tous ses indicateurs sociaux. Mieux encore, il a réussi une prouesse en liquidant une économie désorganisée, avec une inflation chronique et des récessions constantes, et en en créant une autre, qui témoigne d’une organisation, d’une capacité de croître en pleine crise mondiale.
Le chaos brésilien est puissant et fécond. Carnavalesque, certes, mais le défilé des écoles de samba n’est-il pas aussi un monument d’ordre et d’horaires stricts ? Ordre et désordre : il nous faut les deux, car une date a même déjà été fixée pour célébrer l’union de tous les Brésiliens et l’union du monde avec le Brésil. La Coupe du monde 2014 et les Jeux Olympiques 2016 approchent. Deux moments où les regards du monde entier convergeront comme jamais sur notre pays.
Nous avons jusque-là pour réfléchir à notre nouvelle place dans le monde.

Jorge Caldeira in Courrier International, juin-juillet-août 2013